Psicanalise Clínica

Terceira Idade e Depressão: Uma Perspectiva Psicanalítica

O fortalecimento de laços familiares e comunitários é fundamental para romper com o ciclo de isolamento

Blog Severino Angelino

Blog Severino AngelinoSeverino Angelino Psicanalista Clínico

18/11/2024 13h39
Por: Redação

A depressão na terceira idade pode ser analisada, à luz da psicanálise, como uma resposta psíquica a perdas simbólicas e concretas que acompanham o envelhecimento. Para muitos idosos, esta fase envolve uma revisão da vida, marcada por lutos – pela juventude, pelas capacidades físicas e pelo papel social antes desempenhado. Freud associava estados melancólicos à perda de objetos significativos, muitas vezes internalizados pelo ego como partes fundamentais da identidade.

No Brasil, a depressão atinge 13% da população idosa, e suas manifestações estão relacionadas a fatores como isolamento, sentimento de inutilidade e abandono familiar. Esses fatores podem reativar conflitos psíquicos antigos, muitas vezes reprimidos, e que retornam com intensidade diante das vulnerabilidades da idade avançada.

Na prática clínica psicanalítica, o trabalho com idosos busca oferecer um espaço de escuta para que eles possam expressar angústias, elaborar lutos e ressignificar sua história de vida. A psicanálise valoriza a singularidade de cada sujeito, incentivando uma integração das experiências vividas como forma de reconectar o idoso com aspectos de sua identidade que podem sustentar novos sentidos para sua existência.

Além disso, é essencial que as intervenções contemplem a relação entre o idoso e seu ambiente social. O fortalecimento de laços familiares e comunitários é fundamental para romper com o ciclo de isolamento que pode reforçar a depressão. Nesse contexto, a abordagem psicanalítica oferece ferramentas para compreender os processos inconscientes que sustentam esses sentimentos, promovendo saúde mental e maior qualidade de vida na terceira idade.

A reflexão psicanalítica sobre a depressão em idosos é um convite a olhar para esta fase da vida com maior profundidade e empatia, reconhecendo as complexidades emocionais que a acompanham e a necessidade de criar redes de cuidado mais humanas e eficazes.

 

Severino Angelino
Psicanalista Clínico, pós-graduação em saúde mental do adulto e do idoso e Psicopedagogia Institucional Clínica.

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